sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Quem nunca ouviu a voz da consciência?(1)

  • Pe. David Francisquini(*)
Os bons formadores de opinião devem conhecer o mecanismo psicológico das paixões humanas, pois isso lhes facilitará o trabalho de persuasão de seu público alvo. Com efeito, há um fenômeno no panorama político-social, à primeira vista difícil de explicar para quem não tenha determinados pressupostos para elucidá-lo.
O que normalmente se passa na consciência individual pode-se aplicar à consciência geral. A consciência é como um sismógrafo capaz de acusar se uma ação é ou não permitida, pois a razão nos revela o conhecimento da lei e do dever. Exatamente como atividade da inteligência, a consciência pode ser conceituada como a noção do dever.
Santo Tomás de Aquino, o Doutor Angélico, chama de consciência a voz de Deus que se manifesta como legisladora e como juíza, pois a noção do dever é a consciência. É ela, portanto, atividade da inteligência que impele a vontade para o bem, e, ao mesmo tempo, a retém diante do mal.
Antes da ação, a consciência adverte a alma e lhe dá ânimo. Depois da ação, tranqüilidade ou perturbação, conforme a ação tenha sido boa ou má. A boa consciência confere alegria interior, bem estar e expulsa as tristezas malignas. Não sem razão o povo consagrou o adágio de que o melhor travesseiro é a consciência tranqüila.
Como uma luz que ilumina e dissipa as trevas interiores, transmitindo alegria de viver, a consciência tranqüila é o reflexo da voz de Deus na alma. É um ósculo de paz no íntimo de nossos corações e que nos transmite a verdadeira paz. Ao contrário, a consciência pesada envenena as alegrias e priva o homem do prazer espiritual.
A consciência pesada, motivada pelos remorsos, chega a se manifestar no olhar, nos gestos e nas atitudes das pessoas, tornando-as ácidas, intolerantes, caprichosas e agitadas. Quando a alma se encontra nesse estado, ela erradamente, à procura de alívio, costuma se lançar nos prazeres da carne, da cobiça e da vaidade.
O homem pode ter consciência delicada ou embotada. Uma acusa as mínimas faltas. A outra, apenas as maiores. A primeira seria como uma balança de precisão de uma ourivesaria, pois revela a mínima poeira sobre um de seus pratos. A consciência embotada apresenta-se como a balança romana que, para se inclinar, precisa de muito peso.
Essa última é o símbolo das pessoas que não levam em conta as Leis de Deus e da Igreja. A elas chamamos “mundanas”, pois tendo consciências embotadas percebem apenas os pecados mortais manifestos, e que pelo mecanismo das paixões humanas, caminharão inexoravelmente para o relaxamento total à procura de justificação de seus erros.
Pela exigüidade de espaço, voltarei oportunamente ao assunto.
(*) Sacerdote da igreja do Imaculado Coração de Maria (Cardoso Moreira – RJ)

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